Nova espécie pré-histórica descoberta no RS pode esclarecer a origem dos dinossauros

Uma equipe de pesquisadores brasileiros e argentinos anunciou a identificação de uma nova espécie de réptil que viveu há cerca de 235 milhões de anos no atual território do Rio Grande do Sul. Essa descoberta, publicada na revista Scientific Reports, da Nature, pode trazer pistas fundamentais sobre o surgimento de uma das principais linhagens de dinossauros.

Sob a liderança do paleontólogo Voltaire Paes Neto, doutor pela UFRGS e atualmente pós-doutorando no Museu Nacional, o estudo encontrou vestígios da nova espécie em Santa Cruz do Sul, na Região dos Vales. Esses fósseis, apesar de estarem guardados no acervo da UFRGS há décadas, só foram reconhecidos recentemente, conforme a Revista Galileu.

Inicialmente, imaginava-se que esses vestígios pertenciam a um grupo de cinodontes, parentes distantes dos mamíferos. No entanto, análises mais precisas revelaram que se tratava de um silessaurídeo, grupo estreitamente ligado aos dinossauros.

A identificação da nova espécie, batizada de Itaguyra occulta, ocorreu a partir da análise de dois ossos da cintura pélvica — o ílio e o ísquio — encontrados em camadas de rochas datadas do período Triássico, que se estendeu de 252 a 201 milhões de anos atrás e foi marcado pelo aparecimento dos primeiros dinossauros.

Nova espécie pré-histórica descoberta no RS pode esclarecer a origem dos dinossauros
Foto Divulgação/UFRGS

O nome Itaguyra occulta combina termos em tupi e latim e faz referência ao fato de os fósseis estarem escondidos entre outros materiais durante muito tempo. Essa espécie conviveu com répteis como rincossauros e ancestrais dos crocodilos, além de parentes dos mamíferos.

A pesquisa de Voltaire Paes Neto contou com apoio de diversas instituições, como o Museu Nacional (UFRJ), o CAPPA (UFSM), a Unipampa, o Museo Argentino de Ciencias Naturales, e recebeu financiamento da Faperj e do INCT-Paleovert.

Uma escultura do Itaguyra occulta pode ser vista no Museu Municipal Aristides Carlos Rodrigues, em Candelária (RS), que abriga um dos mais importantes acervos paleontológicos da região central gaúcha.

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Entenda quem são os silessaurídeos

Os silessaurídeos, ou silessauros, são frequentemente considerados parentes próximos dos dinossauros. Pesquisas recentes sugerem que eles possam ser, na realidade, dinossauros ornitísquios primitivos — grupo que inclui dinossauros de bacia semelhante à de aves, como o Triceratops.

Eram animais de pequeno porte, quadrúpedes, onívoros ou herbívoros, que habitaram diferentes regiões do supercontinente Pangeia durante o final do Triássico, deixando fósseis espalhados em várias partes do mundo, inclusive no Brasil.

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