Adolescente dá bolo envenenado para amiga e a consola enquanto a vítima morria

Em meio à dor que consome a família de Ana Luiza Oliveira Neves, de 17 anos, vítima de envenenamento por arsênio, um detalhe sórdido e estarrecedor vem à tona: a adolescente apreendida como autora do crime não só esteve presente na cena da tragédia como também dormiu na casa da vítima na véspera do envenenamento. O pai de Ana Luiza, Silvio Ferreira das Neves, que ainda tenta compreender a extensão da perda, relatou em entrevista que a suspeita, de apenas 17 anos, se apresentou como amiga da filha e chegou a consolar a família durante o velório.

De acordo com o pai da vítima, Silvio, a adolescente parecia absolutamente confiável e simpática. “Essa menina foi dormir lá em casa. Ela acompanhou todinho esse caso. Ela viu minha menina ando mal e me viu levando a Ana para o hospital. No outro dia, ela viu minha menina caindo no banheiro e nenhuma reação mostrou”, lamentou o pai, visivelmente chocado. A suposta amiga não apenas testemunhou o sofrimento de Ana Luiza como, ao que tudo indica, manteve uma frieza calculista ao consolar a família após a tragédia.

“Em casa, depois de minha filha estar morta, ela me cumprimentou, me abraçou ainda e disse que ia ficar tudo bem”, relatou Silvio, ainda atordoado pela duplicidade e pela frieza da adolescente. O relato choca pela dissonância entre o gesto de empatia e a culpa que recaía sobre quem dizia apoiar a família.

Silvio contou que jamais desconfiou das intenções da jovem. Para ele, a menina sempre se mostrava educada e gentil, não levantando qualquer suspeita de que pudesse estar envolvida em algo tão macabro. “Não esperava nunca na minha vida que iria acontecer uma bomba dessa com uma pessoa que está dentro da minha casa”, confessou, ecoando o sentimento de incredulidade de toda a comunidade que acompanhou o caso.

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Conforme consta no boletim de ocorrência, a motivação para o crime seria ciúmes e raiva. Em depoimento às autoridades, a suspeita confessou que comprou um frasco de arsênio por R$ 80 em um site na internet. Segundo ela, misturou o veneno em um brigadeiro branco e espalhou sobre o bolo, que depois foi entregue à casa da vítima com um bilhete anônimo: “Um mimo para a garota mais linda que eu já vi”.

O enredo que envolve a morte de Ana Luiza revela a frieza e a premeditação da autora. No sábado, a jovem recebeu o bolo entregue por um motoboy que, segundo a família, não tinha relação com a loja oficial onde o doce foi comprado. Depois de comer o bolo, Ana começou a ar mal. Foi levada ao hospital pelos familiares, mas voltou para casa após o atendimento inicial.

No entanto, seu estado de saúde se agravou no domingo. Ana caiu no banheiro, já muito debilitada, e faleceu logo depois. A polícia foi acionada e a Delegacia de Itapecerica da Serra classificou o caso como morte suspeita, acionando imediatamente o Instituto Médico Legal para realizar exames detalhados e determinar a causa exata da morte.

A adolescente foi apreendida no início da semana, após a Justiça aprovar a detenção provisória por conta da gravidade e da confissão do crime. A polícia segue investigando a dinâmica do envenenamento e busca entender as circunstâncias que levaram ao homicídio.

A confeitaria Menina Trufa, envolvida indiretamente por ter fornecido o bolo usado no crime, divulgou um vídeo esclarecendo a situação. Josieli Franca, proprietária do estabelecimento, negou qualquer vínculo com a entrega. “A entrega foi realizada de um local desconhecido por um motoboy que não presta serviços à empresa. Uma pessoa adquiriu um bolo na nossa loja física, saiu com o produto e utilizou-se da nossa marca para cometer essa atrocidade”, afirmou Josieli, destacando que a loja está colaborando com as autoridades para identificar todos os responsáveis.

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Enquanto a família de Ana Luiza tenta juntar os cacos dessa tragédia sem precedentes, colegas de turma da jovem, estudantes do terceiro ano do ensino médio, declararam luto coletivo. Pelas redes sociais, eles informaram que não compareceram às aulas no dia do velório, como forma de honrar a memória da amiga e prestar solidariedade à família devastada.

O velório de Ana Luiza ocorreu no cemitério municipal Recanto do Silêncio, em Itapecerica da Serra. O clima era de comoção e perplexidade. Ninguém conseguia entender como uma jovem tão cheia de vida, descrita por todos como doce e estudiosa, teve o destino selado de forma tão trágica e cruel.